ACÇÃO INSPECTIVA EXIGE MELHORAR ADEQUAÇÃO DAS NORMAS E PRÁTICAS
O Inspector Geral da Administração do Estado, João Manuel Francisco “João Pinto”, esclareceu ontem, em Luanda, que regular a actividade inspectiva exige melhorar a adequação das normas e práticas, por imperativo constitucional e legal, resultante do Código do Procedimento Administrativo (CPA).
Ao discursar na abertura do Conselho Consultivo Extraordinário, João Pinto adiantou que a reforma na Inspecção Geral da Administração do Estado (IGAE) visa clarificar, uniformizar e harmonizar a actividade inspectiva, introduzindo princípios e regras para afinar as acções do órgão sem arbitrariedade, buscando sempre a racionalidade, a confiança e a eficiência numa administração que pretende reforçar a confiança dos cidadãos ou administrados.
Ladeado pela vice-presidente do Tribunal de Contas, Domingas Garcia, e pelo secretário de Estado para a Administração Pública, Domingos Filipe, João Pinto anunciou que se está a trabalhar num sistema inspectivo que reforça a coesão da Administração do Estado, respeitando o trabalho de cada sector que prossegue também as atribuições do Estado e seus órgãos, realizando ou concretizando aqueles fins por via das suas competências.
Considerou, por isso, que a acção de inspecção deve ser para prevenir actos que possam conduzir à violação da legalidade administrativa ou detectar e alertar os órgãos, serviços e o Titular do Poder Executivo para a correcção de actos corrigíveis e, consequentemente, o apuramento de responsabilidades e responsabilização dos actos abusivos.
Durante a abertura do 1.º Conselho Consultivo Extraordinário da Inspeção-geral da Administração do Estado (IGAE), que encerrou ontem, foi apresentada, para discussão e recolha de contribuições, a Proposta de Decreto Presidencial que aprova o Regulamento da Actividade Inspectiva da Administração do Estado.
“Procuramos convidar a sociedade e fazedores de opinião que trabalham com essas questões, intelectuais altamente especializados, para nos ajudarem a melhorar o diploma, a fim de que o Presidente, ao regular a matéria, e também a sociedade e aqueles que aplicam ou que colaboram com o Estado — profissionais como as ordens de contabilistas, advogados, arquitectos, engenheiros, empresas de construção civil, de auditoria ou de contabilidade — nos possam ajudar a garantir maior e melhor transparência”, frisou.
Sobre as reformas em curso, João Francisco apontou o Plano Estratégico da IGAE, aprovado em Conselho de Ministros, que redefine claramente a actuação do órgão, saindo da fase de emergência, de 2017, 2018 a 2022, para uma de normalidade. “Em Angola, já ninguém pode dizer que está acima da Lei, porque se provou isso, quer por actos de natureza inspectiva que deram origem a processos judiciais, quer por processos judiciais que anularam actos da IGAE ou do Executivo”, sublinhou, acrescentando que há provas de que, quando os tribunais decidem, os cidadãos e as instituições cumprem, e quando não concordam, protestam, mas com respeito às decisões dos outros, o que demonstra que todos devem colaborar e fazer com que as reformas e a clarificação das leis contribuam para que o cidadão acredite nas instituições.
O inspector-geral disse, ainda, que está já aprovado o regulamento das direcções, o que antes não existia, e que o Plano Estratégico, publicado em Diário da República, está a ser executado. Acrescentou que a planificação da IGAE já visa garantir também o respeito pelos administrados, dando resposta aos problemas e impedindo que actos abusivos aconteçam. “Este regulamento é, em consequência, já da adaptação interna e do Plano Estratégico da IGAE, bem como da estratégia sobre a prevenção e o combate à corrupção”, ressaltou.
Sobre as principais queixas recebidas, João Pinto disse que grande parte tem a ver com actos de improbidade, irregularidades e desrespeito aos direitos dos cidadãos, como o registo, o direito de superfície, o respeito à propriedade, contratos não cumpridos, reclamação de dívidas e, às vezes, extorsão, resultante de actos de funcionários oportunistas que têm um salário, mas querem cobrar uma “gasosa”. “Têm sido esses actos, quer de cidadãos, funcionários civis e militares. Felizmente, o Titular do Poder Executivo não tem tolerado, sobretudo, actos abusivos”, declarou.